Copa de 2026 em risco? Calor extremo pode virar o jogo, alerta estudo

O Futuro do Futebol em Risco: Mudanças Climáticas e a Copa do Mundo

A paixão pelo futebol, um esporte global que transcende fronteiras e culturas, enfrenta um adversário implacável: as mudanças climáticas. Um estudo recente lança um alerta preocupante sobre o impacto do clima extremo nas próximas Copas do Mundo, especialmente na edição de 2026, que será sediada na América do Norte.

O Calor Ameaçador nos Estádios da América do Norte

O relatório, intitulado “Pitches in Peril” (Campos em Perigo, em tradução livre), revela que a maioria dos estádios escolhidos para sediar jogos da Copa do Mundo de 2026 corre sério risco de sofrer com ondas de calor extremas. Dos 16 estádios analisados, dez foram classificados com risco “muito alto” de enfrentar condições climáticas adversas, colocando em xeque a saúde dos jogadores e a experiência dos torcedores. A situação se agrava ao considerarmos as projeções para o futuro: até 2050, estima-se que quase 90% dos estádios na América do Norte precisarão de adaptações para lidar com o calor intenso, enquanto um terço deles poderá enfrentar escassez de água, com a demanda superando a oferta disponível.

Para ilustrar a gravidade da situação, podemos mencionar que o calor extremo não é apenas desconfortável, mas também perigoso. A exposição prolongada a altas temperaturas pode levar à desidratação, exaustão e até insolação, condições que podem ser fatais. Além disso, o calor excessivo afeta o desempenho dos atletas, reduzindo sua resistência, velocidade e capacidade de concentração.

Além de 2026: Riscos para as Copas de 2030 e 2034

O estudo não se limita à Copa do Mundo de 2026. Ele também examina os riscos climáticos para as futuras edições de 2030 e 2034, alertando para a necessidade de medidas urgentes para proteger o esporte. A pesquisa analisa ainda o impacto do aumento das temperaturas nos campos de futebol amador, onde muitos jogadores talentosos deram seus primeiros chutes. Esse aspecto é crucial, pois as mudanças climáticas podem afetar o desenvolvimento de novos talentos e a popularização do esporte em comunidades carentes.

Juan Mata, campeão mundial pela Espanha, expressou sua preocupação com a crise climática, lembrando as inundações devastadoras que atingiram Valência no ano anterior. “O futebol sempre uniu as pessoas, mas agora também é um lembrete do que podemos perder”, declarou o jogador, ressaltando a importância de conscientizar sobre os riscos ambientais.

Um Alerta nos Estados Unidos: A Copa do Mundo de Clubes de 2024

A Copa do Mundo de Clubes de 2024, realizada nos Estados Unidos, serviu como um presságio preocupante. As condições climáticas foram descritas como “impossíveis” por alguns jogadores, com calor extremo e tempestades forçando a entidade máxima do futebol a adotar medidas de emergência, como pausas para hidratação, áreas de sombra e sistemas de ventilação. Essa experiência demonstra que os riscos climáticos já são uma realidade e exigem ações imediatas.

O estudo aponta que 14 dos 16 estádios da Copa do Mundo nos Estados Unidos, Canadá e México já excederam os limites de segurança em 2025 para pelo menos três grandes riscos climáticos: calor extremo, chuvas torrenciais e inundações. Além disso, 13 desses estádios já registram pelo menos um dia por verão com temperaturas acima do limite estabelecido para pausas de hidratação (32°C Wet-Bulb Globe Temperature, ou WGBT), um índice internacionalmente reconhecido para medir o estresse térmico sob luz solar direta.

Em cidades como Atlanta, Dallas, Houston, Kansas City, Miami e Monterrey, as temperaturas já ultrapassam esse limite por dois meses ou mais, demonstrando a urgência de se repensar o calendário e os locais das competições esportivas. Piers Forster, diretor do Priestley Centre for Climate Futures, em Leeds, adverte que os riscos continuarão a aumentar, a menos que medidas drásticas sejam tomadas, como transferir os jogos para os meses de inverno ou para regiões mais frias.

Um Plano de Ação para Salvar o Futebol

O relatório “Pitches in Peril” não se limita a diagnosticar o problema. Ele também propõe um plano de ação para mitigar os riscos e garantir um futuro sustentável para o futebol. Entre as principais recomendações, destacam-se:

  • Compromisso com a meta de emissões líquidas zero até 2040, reduzindo drasticamente a pegada de carbono do esporte.
  • Publicação de planos de descarbonização confiáveis, com metas claras e indicadores de desempenho.
  • Criação de fundos de adaptação para financiar medidas de proteção contra os impactos das mudanças climáticas, como sistemas de resfriamento, irrigação eficiente e infraestrutura resiliente.

O estudo também revela que 91% dos 3.600 torcedores entrevistados nas três sedes da Copa do Mundo de 2026 desejam que o evento seja um modelo de sustentabilidade, demonstrando o apoio popular a iniciativas que visam proteger o meio ambiente. Afinal, o futuro do futebol depende da nossa capacidade de enfrentar as mudanças climáticas e garantir um planeta saudável para as próximas gerações.