Vela em Los Angeles: Adeus medalhas? Lars Grael aposta em nova geração e futuro desafiador

A Vela Brasileira Rumo a 2028: Uma Análise de Lars Grael

Lars Grael, um nome de peso na vela brasileira, com duas medalhas olímpicas no currículo (bronze em Seul 1988 e Atlanta 1996) e membro de uma família tradicional no esporte, compartilhou suas perspectivas sobre o futuro da modalidade no país, com foco nos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 2028. Em entrevista, o renomado velejador destacou o momento de transição geracional que a vela brasileira atravessa, um processo que já se fez notar nos Jogos de Paris 2024.

Com uma história rica em conquistas olímpicas, a vela ocupa um lugar de destaque no cenário esportivo brasileiro. Ao longo dos anos, o país acumulou um total de 8 medalhas de ouro, 3 de prata e 8 de bronze, tornando a vela o terceiro esporte que mais rendeu pódios ao Brasil em Olimpíadas. Contudo, Lars Grael adota uma postura cautelosa ao prever o desempenho da equipe brasileira em Los Angeles.

A Transição Geracional e o Futuro da Vela Olímpica

“É difícil cravar medalhas para Los Angeles. Estamos em um período de renovação, com jovens talentos surgindo. O desempenho do Brasil nas categorias de base é excelente, um dos melhores do mundo. No entanto, resta saber se esses atletas terão tempo suficiente para amadurecer e brilhar em 2028”, pondera Lars Grael. Essa cautela reflete a realidade de um esporte que exige anos de dedicação e experiência para alcançar o alto rendimento.

O velejador complementa: “Se me perguntassem hoje, com a equipe olímpica atual, se o Brasil conquistaria medalhas em Los Angeles, minha resposta seria não. Mas ainda temos tempo até 2028 e espero que a situação mude.” Essa declaração demonstra a consciência de Grael sobre os desafios que a vela brasileira enfrenta, mas também a esperança de que o trabalho de base e o talento dos jovens atletas possam render frutos no futuro.

Lars Grael relembra que a primeira medalha da vela brasileira foi conquistada em 1968, nos Jogos Olímpicos do México. Desde então, o país só ficou fora do pódio em duas edições: Munique 1972 e Barcelona 1992. De 1996 a 2021, a vela brasileira viveu um período de grande sucesso, com conquistas em todas as edições dos Jogos Olímpicos, um ciclo vitorioso que foi interrompido recentemente.

“Estamos vivendo uma fase de renovação na vela olímpica brasileira. A geração de Torben Grael, Marcelo Ferreira, Lars Grael já se despediu das competições. Robert Scheidt e Bruno Prada também estão se retirando”, explica o velejador, destacando a importância de renovar os quadros e dar oportunidade para novos talentos.

O velejador fez questão de ressaltar a importância do feito de Martine Grael e Kahena Kunze, que conquistaram o ouro nos Jogos Olímpicos do Rio em 2016 e repetiram o feito em Tóquio. “Em um esporte historicamente machista e com pouca visibilidade para a vela feminina, a dupla feminina foi a grande responsável por salvar o Brasil em 2016, e repetiram o feito em Tóquio. É natural que em algum momento elas não vençam, mas podem voltar a conquistar títulos”, disse Lars.

O Impacto Econômico do Esporte no Brasil

Lars Grael também atua como embaixador do estudo “PIB do Esporte”, desenvolvido pelo instituto Sou do Esporte. O estudo revelou que, em 2023, a atividade esportiva movimentou R$ 183,4 bilhões no Brasil, o que representa 1,69% do PIB nacional, além de gerar 3,3 milhões de empregos. Esses números evidenciam a relevância do esporte para a economia brasileira.

Durante a entrevista, Lars Grael comentou que, no passado, a importância do esporte para a saúde, educação, turismo, economia e segurança pública era apenas um discurso vazio. “Não tínhamos dados concretos para sustentar essa retórica. Enquanto se calcula o PIB de diversos setores no Brasil, como cultura, agronegócio, indústria e serviços, nunca havia sido feito o cálculo do PIB do esporte”, explicou Grael, elogiando a iniciativa do estudo e ressaltando o valor movimentado pelo setor.

Para Lars, a participação de quase 2% do esporte no PIB brasileiro é significativa. “É um valor expressivo, inclusive superior ao da cultura. Além disso, para garantir a credibilidade da metodologia, diversas atividades relacionadas ao esporte não foram incluídas no cálculo, como esportes rurais e apostas esportivas”, complementou o velejador.

Lars Grael acredita que o cálculo do PIB do Esporte teve um impacto positivo, contribuindo para a aprovação da Lei de Incentivo ao Esporte no Congresso Nacional, que agora se tornou permanente. “A lei foi aprovada por unanimidade na Câmara e no Senado. O trabalho do PIB do Esporte ajudou a reforçar a importância de manter o incentivo ao esporte, mostrando que o setor impulsiona a economia, gera empregos, trabalho e renda”, concluiu Grael.